Ira


Ira

Fogo que arde
Nas entranhas do teu ser
Queima sobre a pele
Fluiu em terrível sorriso
Agoniante grito
De gargalhada maléfica

Vulcão em erupção
Treme a terra, revolve o mar
Na tua fúria de tornado
Teu corpo impõe-se
Como feroz animal
A que nada pode escapar

Não há nada que pare
Furor de alma assassina
Desejo de sangue
De vingança
De corações quebrados
A teus pés vergados

Para avivar tua cólera
Uma palavra errada
Uma ofensa agravada
Ou simplesmente nada
Está na tua forte natureza
A violência exasperada

Que não te façam frente
Que se calem suas vozes
Ou despertarão a fera
Na sua imponente raiva ardente
Ser de hostilidade fatal
Para o bem e para o mal

Raquel Neves

Vaidade


Vaidade

Espelho, seu melhor amigo
Só tu dizes a verdade
Que os seus olhos querem ver
Por horas e dias
Contemplar-se somente
Deleitar-se eternamente

Parar o tempo
Deixar aquela imagem de beleza
O seu encanto natural
A perdição do seu olhar
Que esquece a alma
Pelo corpo da perfeição

Abençoada nasceu
Como divindade caída do céu
Desperta invejas
Floresce desejos
Com sorrisos exibe-se
Ama-se porque a amam

Sua maior riqueza
É o seu maior pecado
O rosto de Deus lhe deu
O corpo que o Diabo esculpiu
Para mostrá-lo ao mundo
Como doce envenenado

Reflexo que apaixona
O seu olhar deliciado
Porque é belo, belíssimo
Alma que se verga
Perante o que pode ver
Em orgulho pelo ser

Raquel Neves

Preguiça


Preguiça

Alma arrastada
Pelo chão da inércia
Coração cansado
De nada fazer
Suspiro arfante
De não dizer

Por custar demasiado
Cais na moleza
Corpo lânguido
Mente doente
Aversa ao esforço
Contrária ao pensamento

Deitas-te no conforto
Que te adormece os músculos
E então ficas
Na facilidade do nada
Do não mover
Do não viver

O tempo passa por ti
Com indiferença o olhas
Deixas-te estar
Não te queres levantar
Prazer em dormir
Em deixar de sentir

Na tua debilidade conquistada
Perdes a energia da vida
Morres lentamente
Prostrado de languidez
Não te podes mexer
Porque não o queres fazer

Raquel Neves

Luxúria


Luxúria

Desejo de alma insaciável
Sem pudor teu corpo
Grita por satisfação
Vem, vem a mim
Liberta o que te prende
Apaga a tua mente

Rasgar a tua pureza
Teus lábios nos meus
Minhas mãos no teu corpo
Tu em mim
Brincadeira de criança
Eu em ti

Vermelho paixão
Eu quero-te para mim
Sentir-te aqui
Fogo sobre a minha pele
Aquece mas não queima
Dá-me prazer

Entra no meu jogo
O íntimo da vida
Revela-me os teus segredos
Sê a minha outra metade
União de sangue
De alma e corpo

Satisfaz-me o desejo
Tua sensualidade me encanta
Vem entregá-la a mim
A nu me dou a ti
Amor, te quero
Fruto da minha lascívia

Raquel Neves

Inveja


Inveja

Olhar cerrado de ciúme
Congela o deserto
Quebra rocha
Corta a tua alma
Usurpa o que deseja
Deixa o que não quer

Ânsia pelo que tens
Pelo melhor que não dás
Que esse coração aspira
Mas não alcança
Quer com toda a força
E continua a ser teu

Clama injustiça
Sente-se inferior
Pobre ser, pobre vida
Que odeia, que rouba
Que mataria para ter
Tudo o que não é seu

Rasga-se por dentro
Contorcesse em agonia
Desejo proibido
Que te foi permitido
Essência de sangue
Paixão e ambição

Mais e mais
O meu e o teu
Infinito vazio de alma
Que nunca se preenche
Enquanto tu tiveres
O que eu quero

Raquel Neves

Not Okay


Not Okay

Dear father
Once he said
To his beloved sun
You have half of my heart
Half of my love
And half of my life
And when I died
You wait until my other half gone
And then you keep
The half
That always belongs to you

Meet that family
Their eyes are wet
Their hearts bleed
She lost a husband
And she lost a father
Just like you
In the same day as you
It was same soul as you

Dear sun
What have you done?
You care the least
Who cares you the most
What you think that
He would say?

THIS IS NOT OKAY

You left in tears
The women you’re father loved
You’re disrespecting
His last words
For greed
You’re losing a family
They may not have the same blood as you
But they love him so much as you

Dear sun
What have you done?
You care the least
Who cares you the most
What you think that
He would say?

THIS IS NOT OKAY

Break
Break your stepmother’s heart
Don’t you think
That it’s broken enough?

Rip
Rip your father’s family
Don’t you think
That it’s bleeding enough?

Don’t you think
He woundn’t approve?
What you think that
He would say?

THIS IS NOT OKAY

Lies and greed
You should be ashamed
In every tear she drops
You should hide you face

Dear sun
What have you done?
You care the least
Who cares you the most
What you think that
He would say?

THIS IS NOT OKAY

THIS IS NOT OKAY

What you think that
He would say?

Go away!

THIS IS NOT OKAY

THIS IS NOT OKAY

Dear sun
THIS IS NOT OKAY


By Raquel Neves

Poema


Poema

Riscos d’alma
Letras
Olhares d’água
Lágrimas
Sorrisos de gelo
Os teus

Poema, algo que te faz lembrar
O tempo das frases sem vírgulas
O dualismo sem dois pontos
Liberdade das não-regras
Traço fluído da caneta
Sem pontos, sem paragens
Respiração que não pausa
Porque pausa é morte

Poema
É para ser escrito à mão
Sem o traço encarnado
Correcção do computador
Poesia
Não ortografia

A frase mais longa que puder escrever
Ou a mais
Curta
A ler

Que entrem figuras de estilo
Mas sem grandes denominações
Quem escreve um poema
Põe pedaços de coração
Nada de métrica
Que valha à paixão

Rimas baratas
Amor e dor
Melhor antítese
Que sim e não

Escrever o que se sente
Gritar as palavras
Ou dá-las como beijos às folhas
Repeti-las no final
Como encantada melodia
Cadência da tua respiração
Sem fim, sem pontuação
Ritmo do teu coração
Irregular, influenciável
Vulnerável
Compasso da tua vida, marca-o tuas palavras
Com um sopro rápido, feroz
Ou com um suspiro lento, meigo
Como poesia, as tuas próprias regras
Como a vida, um poema

Raquel Neves

Uma Família de Luto


Uma Família de Luto

A casa está cheia
As vozes ecoam
Uma, duas, três línguas
Dizem palavras iguais
Que se perdem nos ouvidos
E se repetem
Uma e outra vez

A história é a mesma
Sempre, a cada voz
Enquanto houver ouvidos
Ela será contada
E as mesmas lágrimas caem
Por olhos azuis
Verdes e castanhos

O silêncio é proibido
Antes a realidade crua
Que a frieza cortante da memória
Antes ouvir o que aconteceu
Que pensar, na quietude,
No que irá acontecer
Amanhã, e depois, e depois

Como fantasmas com cor
Cruzam os corredores
Não têm que fazer
Não têm o que mais dizer
Na urgência de algo que ocupe
Enche a cabeça errante
Afaste a consciência

Conversas murmuradas
Há palavras que não se pode ouvir
Peso martirizante da verdade
E então desespero de causa
Algo, não importa o quê
Não ajuda a esquecer
Mas ajuda a não pensar

Receio pelo amanhã
Certeza de muitas lágrimas
Terror que enche o coração
Saber que não será sonho
Morte à esperança
De acordar de um pesadelo
É real, dolorosamente real

Nesta casa cheia
Não é menor a saudade
Não é menor a solidão
Nesse abraço apertado
Não são menos as lágrimas
Por vê-las nos outros olhos
É somente maior o amor

Raquel Neves

Colorir Memórias


Colorir Memórias

Não vou colorir memórias
Pintá-las da cor que não são
Tornar o preto dourado
E apagar a desilusão

Engano de alma
Cai como dominó
Olhar de mentira
Espelho da verdade
Segredo de voz calada
Luzes de fachada

Risos sem graça
Cortam nó na garganta
Palavras tão pensadas
Que no final não valem nada
Correm todos os ouvidos
Deixam esses olhos esquecidos

Não vou colorir memórias
Não foi como devia ser
O preto era preto
Não viu quem não queria ver

Cansada vida
Casada por obrigação
De amor queimado
Sob as labaredas do tempo
Por coração fiel
Por recordações de papel

Branca rosa murcha
Gesto sem significado
Estar por estar
Dançar por dançar
E corpo que grita pára
Ignorância de luz clara

Não vou colorir memórias
Acabaram-se as tintas
Noite a preto e branco
Espero que tu o sintas

Gritar: vê-me
Gritar: ouve-me
Gritar: eu continuo aqui, fala comigo, olha para mim!

Não vou colorir memórias
Mente que mente
Olhos pesados que não vêm cores
Alma que sente
E esconde...

E esconde...
Colorindo memórias

Raquel Neves

Sem Cor


Sem Cor

Angústia
Ritmo de palavras
Medo de escrever
Nó na garganta
Lágrimas nos olhos
Tristeza de viver

Eterna Esperança Esquecida
Dor
Dor
Dor

Límpidas Lágrimas Livres
Sem cor
Sem cor
Sem cor

Pobres Palavras Perdidas
Amor
Amor
Amor

Suspiros de vento
Sorriso ao luar
Nostalgia calada
Amargura
Olhar sem brilho
Madrugada condenada

Céu alvo
Nuvens de algodão
Sol de coração
Só cor
Sem dor
E sem amor

By Butterfly

My Immortal


My Immortal

You said once
You would follow me everywhere
Waiting woken up at night
For me to fall asleep
You promised never leave

A shine smile at first sight
And then irreversible together
You were that sparkling angel
That froze my tears
In the palm of your hands

I believed in you
I breathed the words ended in forever
But your forever came too soon

We’ll never forget
The white light in the dark
The one last kiss
My tears in you lips
Angel, they don’t froze anymore
And I saw you go
Leaving me and an half love
Running with my heart
Until it become
My immortal

Surrounded in memories
The photograph of our surrender
Illusions of whispers at the sunrise
A cold ring in my hand
You said it would never be without pair

Nothing more I wanted
Than keep living that dream
But, love, you turned in my nightmare
Above the moon, I fall
You leave me alone

I believed in you
I screamed all words ended in forever
But you lost your forever

We’ll never forget
The white light in the dark
The one last kiss
My tears in you lips
Angel, they don’t froze anymore
And I saw you go
Leaving me and an half love
Running with my heart
Until it become
My immortal

Why you had to be there?
A ghost of love it’s what I have now
Why you tried do hard
If you always belong to heaven?
Just don’t leave here
Angel, we’ll have our forever
I’ll made it
My immortal

We’ll never forget
The white light in the dark
The one last kiss
My tears in you lips
Angel, they don’t froze anymore
And I saw you go
Leaving me and an half love
Running with my heart
Until it become
My immortal

We’ll never forget
(The light and the dark)
Forever means forever
(One last kiss)
Love never dies
(Angel, they’ll froze)
You’ll be
My immortal

We’ll never forget
The white light in the dark
The one last kiss
My tears in you lips
Angel, they don’t froze anymore
And I saw you go
Leaving me and an half love
Running with my heart
Until it become
My immortal

You’ll be
My immortal
Angel
My immortal

By Butterfly

Strangers


Strangers

Back to the past
I see best friends
So many afternoons
Laughing, smiling
Together for ever
We said
Friends forever
We promised

Complements
“Perfect, magnificent,
My angel without wings”
It was just enough
So truth…
And now a lie
Time pass slowly
Changing everything

One day to another
Nothing was the same
Tears in my eyes
Solitude in my heart
Where gone my friends?
Do I ever have them?
Did I know them?
‘Cause now they are

Strangers
Perfectly strangers

Conversations without meaning
The last to know everything important
Never more a confident
No more secrets to keep
Just someone they know
They talk and they act like friends
But in the deep of our heart
We know we’re strangers

They’re not who I met
I just can’t trust them anymore
Always quiet in their conversations
One or another word to say
Never understood
Can’t break apart but
Bu in the day I had to leave them
I know it won’t cost me anything

They’re just memories
Of an old friendship
That’s a ghost now
And we are strangers

Strangers
Perfectly strangers, my friends
Strangers

By Butterfly

Dennis Farow poem


Merbleth, 13th July 2008

By the time you died
I knew it was my end too
But I’ve already live
Without the air I breathe
So I knew I could survive
No smiles forever
Green eyes drown in tears
Since the day I saw you
Since the moment I remember it
It was too late, of course it was
I would never left you die if I could know
I should see it in your face
The last time you looked at me
The only time I didn’t recognize you
The very instant of regret
When my air gone
When I should stop breathing
But I didn’t
Maybe I got used in the last three years without you
Without memories
Without life at all
And then I got my memories back
But I still living without a life
Without you
I thought I wasn’t possible
Until destiny stole you from me
And it didn’t take just your eyes
Your smile and your voice
You body from my hands
It took also your eyes
Your happiness and your words
Your body from my memories
It erased our love
My existence
And I got back a ghost
A love that became your death
And broke my heart
In the very moment I have it back

By the night you died
I don’t even cry
I don’t even stop to understand it
Too blind to see it
And then falling in a dark hole
Smothering because of you
And I still didn’t know who you are

By the day you died
You memory became alive
Haunting me, breaking me

By the time you died, I died too

Dennis Farow


By Butterfly

Melodia


Melodia

Olha-me nos olhos
E conta-me uma história
Um poema talvez
Não importa as palavras,
Não importa o tamanho
Faz somente com que rime
Canta-me essa música sem letra,
Alma sem corpo

Risos de criança
Na boca de um adulto
Memórias sem espaço
Num tempo distante
Algo que ficou p’ra a história
Um gesto mais sincero
Um olhar menos vazio
O cântico do silêncio

As folhas de um livro perdido
Páginas que ficaram por ler
Horas sem minutos
E minutos com horas
Voando céleres, por mim
Brisa fresca da alvorada
Beijo cálido, boca molhada
E música sem palavras

Uma fotografia de um sonho
Rasgada num pesadelo
Colada com esperança
Uma história sem linhas
Uma personagem sem falas
Drama e romance
Notas na escala do coração
Canta-me esta canção

No ritmo de uma carícia
Arrepio com princípio, sem fim
Espírito sem medo, corpo sem dor
Um sorriso tímido, brilhante
Uma doce voz apaixonada
A jóia, a clave da harmonia
A história do poema
O segredo da melodia

By Butterfly

Fim da Linha


Fim da Linha

Não há muito a dizer quando as palavras acabam
Nenhum sorriso para colar nesses lábios
Nenhum relampejo de brilho para iluminar esses olhos
Nada que apague a expressão triste, cansada
Que sobra quando já não há nada para explicar?
Quando é tudo tão óbvio que não precisamos de o dizer?
Como podemos então responder às perguntas insistentes
daqueles que olham mas não vêm
Que não tentam perceber
Os olhos fechados que dizem mais que a boca aberta
A música que só serve para abafar essas vozes
Não é preciso lágrimas
A dor silenciosa é tão mais angustiante
Tão mais forte, contínua
O rosto trancado, a legenda que ninguém lê
Quando não se grita, os outros não ouvem
Mas lágrimas também são palavras
E eu já não tenho nada a dizer
Vazio e escuridão
Silêncio

By Butterfly

Lies


LIES

I swear for no more
Do you believe me?
Of course not
We are liars
We can’t say the truth

There is no truth

Why not broke a promise?
Why not broke a life?
What’s for?
Live, die
Lie

Fall it’s not a choice

We could have everything
But we waste it
Stupid!
It sounds better that way
We chose it

What a lie!

It has no meaning
Worlds don’t make sense
Tears are just water
The globe is covered with it
Isn’t it?

Salt is not sorrow

I hate this dream
It only can be a dream
A nightmare more precisely
Never the reality
Who would choose hell?

We do!

I want stop
No more, never again
I need some love
Lies! Lies!
Will we ever fix it?

I don’t think so

I would like to forget it
How far can we go…?
But we still here
Blinds and… just blinds
Where is the light?

Our eyes live in the darkness

So what?
Few more worlds
Few more lies
One tear in the sea
Would change anything?

By Butterfly

In My Hands


In My Hands

It was a dream
In a warm summer night
But it takes a long
And sometimes I think
I’m still dreaming

Now I know
I’m looking to that dream
Reading the words I said
Seeing the tears I dropt
Crying like I cried

Now I believe
It was a dream I dreamt
With open eyes
During months and years
And it still not over

I can live it again
I can show it to you
It’s so real like you and me
I can touch it
Keep it in my hands

So many pages
Sometimes the dream
Others a nightmare
But in the end
I smile with her

Do you wanna know?
I can share my dream
That’s why I wrote it
That’s why is here
In my hands

In a summer night
It began like a dream
Now it is story
Sign with my name
Built with my tears

It’s my little secret
My biggest love
Now a book
Always a dream
In my hands

By Butterfly

Answer Me


Answer Me

Did I know
What’s wrong?

Did I know
When was the mistake done?

Did I know
Why?

When did I become invisible?
When did I become less important?
When did I die for you?

I thought you saw me
Like you use to see me everyday
When did you become blind?
When did you start to close your eyes?

Did you know
When?

Did you know
What I’ve done wrong?

Did you know
How to fix the mistake?

When did we start to forget each other?
When did we stop to talk?
When did we become strangers?

You know that something happen
Was it my fault?
We’re not truly okay
When did the silence replace the laughs?

Did you know
How we get here?

Did I know
Why am I crying?

Did you know
What happen to us?

When did the lie begin?
When did the word friends lose the sense?
When did the friendship vanish?

Since when
I can’t talk to you?
Since when
I fell so alone?

I want to change it
But I don’t know what we or I did wrong
Did you know?

By Butterfly
(Para todos menos para ti)