My Own


My Own


I’m not quite shore

Please, say to me what’s right

Little pieces come together

But big ones still apart

I’m not by your side

Indeed, I’m not anyone’s side

I’m not even on my side

I don’t understand

I don’t know. What’s wrong?

Sun doesn’t look bright

Blue it’s not blue. It’s grey

I’m not quite shore

What I am doing here?

Hold my hand, stranger. Please

Guide me through the night

Explain me how to behave

Tell me what was the mistake

I’m not quite shore


Maybe I should have more things

To call my own



Raquel Neves

29-Maio-2010

Alucinação III


Alucinação III


Há qualquer coisa de errado aqui. Elevada temperatura.

Não estás febril, ainda não estás febril. Louca.

Revolta-te! Bate o pé. Bate o livro. Bate a porta.

Porque é que não bates com a cabeça? Louca.

Está Sol. Vamos para a praia? Não, aula de História.

É isto que me põe louca. Doente. Dormente? Revoltada.

Lembram-se do cavaleiro? Foi para a reforma. Ficou o plástico.

Vamos construir um foguetão? Dar a volta à Terra.

Será que ainda é azul? Ou negra de cinza e vermelha do sangue.

Queimada... Vamos para a Lua! Construir outra humanidade.

Com água e sal sobreviveremos. E açúcar. Quem precisa de oxigénio?

Levemos então apenas dinheiro. Paguemos por luz todo o ano.

O cavaleiro olhará da Terra e dirá “agora é sempre Lua Cheia!”

Poupem-me, poupem-me. Há séculos que tentamos destruir o mundo.

Venha daí quem tem coragem para carregar no botão!

Agora é tudo automatizado. Leprosos preguiçosos! Cobardes reles!

Comigo não fogem, não. Vou levar um boneco de papel. Dois!

Não estou a ouvir nada, pois não? Que se lixe! Perdão pela linguagem.

Somos realmente mal-educados. Sabes. Sei. Ignoramos. Rebeldia.

Estupidez! Vamos destruir também a língua por preguiça!

O único requisito é ela não nos ter feito mal algum... Confirmadíssimo!

E o cavaleiro que não me trouxe o termómetro. Afinal enganei-me,

Não se reformou, foi despedido! Inútil entre inúteis. Descartável.

Não somos todos assim? Para alguém... Metade do mundo. Mais!

Percebo, percebo. É o calor. A letargia. A visão desfocada, distante.

A mão pouco firme. A voz desinteressante. Palavras que se escapam.

E doença? É Verão na Primavera. É dormir acordado. É tédio.

Não há gargalhadas maléficas na minha garganta. Triste tristeza.

Quero ir ao castelo de cartas. Quero a cama alta. Colcha de penas.

Quero rasgar essas páginas e queimá-las no fogo do esquecimento.

Quero antes lembrar o delírio daquela noite, porta fechada, álcool no sangue.

Besteira imaginária, amnésia! Sonho? Ignorância! Experiência perdida.

Ser aquela e não esta, a inconsciente, ai, a inconsciente! Louca!

Não saber este momento. Apagar o pó da sujidade, limpar a consciência.

Não, não tenho medo. Quero lembrar-me louca, ou inerte, ou em ti.

Nos teus braços, nos teus lábios... Não sei, não sei. Disparates! Disparates!

És outro cavaleiro de plástico. Para a reciclagem! Da próxima sais melhor.

Enfim que quero, entre quereres que não se podem querer? É do Sol, da febre

E talvez da falta desse outro calor. Luxúria sem pecado, pessoal, segredo.

E tu que lês, já sabes, não digas. Eu digo: não está certo! Loucura.

É isto que a clausura faz às pessoas...


Raquel Martinez Neves

28-Abr-10

Alucinação II


Alucinação II


Vem por mim, cavaleiro de armadura de plástico

E espada de preconceito, vestido de futurista

Há um cantinho do mundo que não conquistaste

Ergue castelos de cartas, reveste-os a ouro verde

Convida-me para entrar. O custo? Não mais que a alma

Quero correr o tapete de sangue vermelho

Rodopiar nas nuvens com cheiro a tabaco de menta

E perfume de chocolate negro derretido

Ser tua vil companheira, bruxa má, rainha de paus

Num naipe com símbolos de cifrões, à antiga

Vem por mim, criatura febril de rosto frio

Que sou eu fria de rosto febril, completemo-nos!

Manchar de ganância líquida a água em que te banhas

E dá-las em cristal turvo a beber ao pobre povo

Cresçamos! Em dois milénios e nada se aprende aqui!

Guerrinhas de soldados é brincadeira de criança

Ilusões de estrelas e seres de outra cor é insano

Venham matar os sonhos na sede real do poder!

Todos nascemos para morrer. Pois vivamos!

Cavaleiro, ai, cavaleiro, muito se queixa esta gente

Palavras são desnecessárias. Vençam os números!

Corruptas almas hipócritas que sonham com o céu

Ele é aqui! Ele é aqui! Matem-se! E permaneçam mortos!

Quero ver que salvação vos dá quem vos deixa morrer

À fome e ao frio, à peste e à humanidade, que consome

Suga e esvaía, até serem cadáveres ambulantes

Oh, cavaleiro! Cavaleiro! Mostra-lhes! Tem-me!

Sem pudor, não o escondam! Ao menos honestidade

A verdade aos olhos do mundo será revelada

Se é ela negra, vil e asquerosa, a culpa é nossa

E o proveito também, Ha ha ha ha!

Cavaleiro!

Veste a bata branca e traz-me um termómetro!

O mundo enlouqueceu


Raquel Martinez Neves

21-Abr-10

Sintonia


Sintonia


Todos os dias

Que dias?

Todas as horas

Que horas?

Cada momento

Não há momentos

Há árvores ao vento

Flores ao Sol

Risos de criança

Papagaios de papel

Música

Lágrimas

Explica-me que caminho

Que pontes

E que rios

Que estradas

Que bosques

Que cidades

Que valas

E armadilhas

Tesouro da vida esse

De ultrapassá-las

Seguir em frente

Dá-me a mão

Sorri comigo

Vamos fazer Sol

Afastaram as nuvens

Que pare de chover

É tempo

Que tempo?

Caiam todos os relâmpagos

Ecludam todos os trovões

E faça-se luz na escuridão

Que a nossa alma

É pobre

É triste

É cega

É pequena

Num mundo grande

Singela e abandonada

Sem amparo na vida

Que tanto custa

Ser vivida

Um dia

Um dia será

Pararão os relógios

É hora

E o mundo estará em sintonia


Raquel Martinez Neves

19-Abr-10

Carta


1649 days after your death



Something you never told me. Something I never have. I need to come back.

Just say that again.

I couldn’t wait no more. Not even one day. It went too far away.

Please let me stay. Not in your heart. Not in your life. Just in your world. I would be glad if I could just look at you.

Nobody has to know. Believe me.

Nothing would ever be the same. Let me go away. Let… no. I can not go away.

I’m feeling locked inside this room.

Say it ever and ever again. Words don’t make sense.

Again and again and again. Like music. Drums. Betting deeply into my chest.

Wherever you go, I’ll be with you. As a memory. As a ghost. Haunting you. Loving you.

Will you ever forgive me?

It’s an illusion. I’m hallucinating. Do you know that I keep crying for you? Every single night.

I live that day everytime I dream. I can watch him rip you and rape you. Throw away your soul, deep down in the ocean. With me. But it just… didn’t come to surface again.

I don’t know how I’m still living.

I wish we could do it again. There will be mercy. Tell me why it was so wrong. It really screws up everything. My fault. Again.

No, I don’t think there is a world outside of you.

It makes me sick. Psychotic. Paranoid. Hallucinated.

But dream with you it’s so pleasant. I felt so alive. Just like if you apologized me. Just like if you’re here.

They always say that nothing would ever be the same. They’re right. They’re so damn right. It’s all about you. It always was about you.

The things you never told me. And the words that now I’m wasting away. I don’t know. I don’t know. I’m seeing you here, so clear… My vision of you. So beautiful...

Hell with tears! I don’t wanna cry ever again. You’re here, you’re always here.

Doesn’t matter what they say. You’re so forgiven.

Forgive me now. I need you. I need that past. All the bad things, I don’t care. Because I had you.

Now I don’t. I’m dreaming the dream of you. Just like every night. Someone call the doctor. Psychiatric doctors.

I didn’t throw a rose to the stage. No, and I loved see you dance.

But a let a dozen in your grave. And killed me watch you die.

It’s too late. So late…

Come to bed with me. I want you in my arms. I want your lips in my mouth. I want your hands in my skin, your head in my chest. I need to hold you. I need to feel you.

Was it so irrelevant and what’s why you didn’t tell me?

It’s really not important now. Just come to sleep with me again. I can see you crossing the door. You want to fell me too. This love so intense under your hands.

I should have known you said it for real.

Say it again and I will believe. I will know.

Come to me. Step by step. Hold my hand. Caught my tears. Yes, clean my eyes. I need to see you. You’re a vision of heaven. Literally.

Now you’re a truly angel.

Please come back to save me. I love you.

Until the end.


Kevin Dawner


By Raquel Neves
Inspirado no livro "Memórias Esquecidas"
Destinos #2

Alucinação I


Alucinação I


Pára!

As árvores balouçam ao vento

São verde sem esperança

Risos de criança

Agora não! Está frio

Quero chá e cobertor

Uma história de amor?

Sem passarolas e dedos sujos

Conventos que esmagam homens.

Choveu. Ideias de água

Ninguém te ouve, não vale a pena

Criminalidade? É estar aqui

Suspiro... pensa, pensa

Nem penses. Dói. O coração

Na garganta

A vida é uma viagem de barco

Sigo em terra. Enjoada

Chega a voz para falar

Não chega para gritar

Não saber. Ha! Ha!

Não sabes...

O chão não deve ser azul

O céu é azul

Tanto pensas e só disparates!

Sonhos alucinados

Foi como se não tivesses dormido

Não me lembro, não me lembro

Alguém, não sei quem

Azul que também é a caneta

Mas verde é a vontade

Não inexperiente, maçã

Esperançosa, bandeira

E alma não patriota

Fugaz gosto de se ser aqui

Não vás por aí!

Vou, vou sim

Já lá estou...

Não sabes escrever

Olha quem fala!

E o candeeiro de rua não se move

Apagado ser, escuro

Brilha mais a prata

Inútil nos meus dedos

Nos teus braços, nas tuas mãos

Nas gargantas sãs

A minha não

E os óculos não servem para ver

Somos cegos, não sabes

O mar que não vê o céu

Não o encontra, não existe

É tudo igual, tudo azul

Dá-me um lenço

Também quero roubar vontades

Não vejo por dentro

De que cor seria a minha alma?

Ela não se vê. Mas ela vê!

Triste consciência. Coincidência?

Não sabes do que falas

E aquela não sabe que não ouvimos

Eu não oiço. Palavras leva-as o vento

Não o há dentro da sala

Há um espírito louco

Dedos velozes, escrita deficiente

Ideias inacabadas, falhadas...

E tentativa de poema sem fim

O que queres de mim?

Ir para casa. Chá de mel.

Almoço pede o estômago

Que horas são?

Oh, cala-te!

O céu está cinzento

Talvez o veja o mar

Não podemos pintar tudo azul

Que cor é essa, afinal?

A cor detrás das nuvens

E qual a cor das nuvens?

Não interrompas

Não leias. Chega para lá!

Deixa a louca escrever

Já vamos no contrario das linhas

De cabeça para baixo

Aqui não há força da gravidade

Grave é estar aqui

E perder o propósito do aqui

Ouvir? Não me contes histórias

Não reais, por favor

Fala lá para quem te ouve

Eu oiço outra voz

Que também não se cala

Acordou assim, impaciente

Sem sentido, desvairada

Entrou-me vento na cabeça

A água que molhou os cabelos

Não posso ficar doente

Não se pode ser o que já se é

Assim como não se pode

Pintar o céu de azul

Mesmo que hoje não seja azul

Mas cor de nada

Cortando o verde balouçante

Que dirão essas vozes?

De certo não falam de História

De Américas e dinheiros

Mercados onde se vende a alma

A troco de coisa nenhuma

A parta não vale nada

Vale mais o papel

E a tinta azul de uma caneta

Que já a vontade é preta!

E bonito é cantar

Mas aqui já não há voz

Nem risos embalados

São humores encaixotados

Deu-te a luz e fechas os olhos

Também não queres ver

Mas o Sol hoje é História

E História é coisa de Inverno

Solução para a falta de Sol

E para o abraço da Lua

Embaraço dos apaixonados

Aqui só ficcionários

Bonequinhos de papel

Constrói e destrói

Dá à luz e dá à escuridão

Nascem e morrem

Pelo capricho da mão

E fim nunca é boa palavra

Nem sábia decisão

É antes necessidade

E alívio do coração

Que sempre bate mesmo cansado

Que cansaço não importa a ninguém

É desculpa, não é nada

É vida amargurada

E prazeres que ficam por dar

Pálpebras baixas e aflição

Tossidela de anunciação

E roda o mundo vala adentro

Não se perde nada de nós

Que o lixo é todo o mesmo

E o céu continua não azul

Calado e voador

Chegam mãos para o tocar

E ele foge temeroso

Rindo-se desta insanidade

Memoria de eternidade


Raquel Martinez Neves

14-Abr-10

Impertinência



Impertinência


Não me prendas

Não me contes histórias

Histórias são para as crianças

Deixa-me dormir, não me agarres,

Deixa-me dormir. Cala-te!

Preciso de silêncio

Não me perguntes porquê, não,

Nem sei porquê. Preciso,

Simplesmente preciso, assim,

Somente, unicamente

Não, unicamente não

Também escuridão, sim

Não acendas a luz, não o faças

Vai-te embora, não fiques aí

Não, não fiques aí a olhar

O que há de interessante aqui?

O que há para ver, dormindo?

Eu, dormindo. Tu...

Hás-de me explicar o que fazes aí

Pára, pára! Chega de olhares para mim

Não consigo dormir assim

Sabendo-te atento, escutando

Não falo enquanto durmo, podes ir

Apaga a luz e vai embora

Deixa-me! Deixa-me!

Dá-me ao menos esta liberdade

Não me sufoques mais

Mal posso respirar, não vês?

Claro que não vês... És tão cego!

Agora deixa-me ser eu, a dormir!

Não quero mais conversas, não,

Não quero mais sussurros baixos

Meiguices à parte, estou cansada

E não estás a ajudar nada

Não, não percebes nada de nada

Não, não, não

Vai-te embora, por favor, vai

Não digas nada, por favor, não

Deixa-me, estou bem, deixa-me

Apaga a luz, fecha a porta

Vai. Vai.

E não voltes cedo.

Não hoje. Amanhã. Amanhã.

Deixa que a noite resolva

A noite resolve o que não piora

Sempre, quase sempre

E não, não quero beijos

Não, não estou chateada

Já podes ir? Sim, até amanhã

Adeus, adeus

Finalmente.

O quê?

Sim, mulher.

Sim, impertinente.

Algum problema?


13-Abr-10

Raquel Martinez Neves

Gritos



Gritos


Grita comigo!

Sim, tu, vá lá, Grita comigo!

Diz que está tudo mal

Que és um desastre e uma vergonha

Não tenhas medo, Grita comigo!

Eu quero gritar contigo

Recolher a frustração de dentro

E atirá-la cá para fora

Serás o alvo, Grita comigo!

Não dói nada assim

Deixa a raiva entrar. Odeia-me

Odeio-te. Grita comigo!

Serás aquele com quem quero gritar

Dar à corda do poço,

Trazer o balde com água de fúria

Provoca-me, enerva-me!

Não é assim tão difícil

Estou quase em ponto de ebulição

Somente contida, Grita comigo!

E gritarei, gritarei contigo

Não tapes os ouvidos

Não taparei os meus

As mãos são como folhas de papel

Nem protecção, nem salvação

Ouve! Ouve os teus e os meus

Não te acanhes, Grita comigo!

Finge que sou com quem queres gritar

Queremos sempre gritar com alguém

Por isso usa a imaginação

Somos seres de fácil compensação

Não dá neste, dá naquele

Não vai aqui, vai ali

Então, Grita comigo!

Sem vergonha, Grita comigo!

Sente a minha energia ferver

Vou também gritar contigo

Será um alívio no final

Não sei quem és

Não importa o que dizes

Magoar não magoas, Grita comigo!

Nada tomarei como verdade

Insulta e menospreza. Sê ira!

E jogaremos ping-pong com ela

Gritarei contigo

Não dês importância ao que eu disser

Simplesmente, Grita comigo!

Dois estranhos deixando fora o lixo

Que reveste a nossa consciência

Nenhum culpado

Nenhum vencedor ou perdedor

Não discutimos, gritamos apenas

Explodimos, apenas

Esvaziamo-nos, apenas

Grita comigo! Força, Grita comigo!

Para que possa gritar contigo...


13-Abr-10

Raquel Martinez Neves

The Ballerina


The Ballerina


It was dark

Dark as the night without moon

and stars

But she was a star

A star that everybody loved

Even who’d hated


It was sad

Sad as the soft piano gothic music

slowly enchanting

But she was fast

Cutting down the hopes

That nobody thought had


It was breathtaking

The way she moved and fell

The way she slipped and lifted

The way she flew

right to heaven

Poor lost shinning beauty


It was a shame

A shame that nobody can pay

or excuse

Red rose blood in the floor

White rose face

And eternal closed eyes


It was forever

Forever forgetting and forgiving

the earlier death

Now becoming truth

Sweet deep black dream

No more tears to hide


It was the last

The last time in the stage facing him

and everyone else

But she made it

One single perfect last dance

A really curtains closing


It was the end

The end of the ballerina love story

and also a start

An angel rising to peace

Only a distant memory of life

That he’s about to catch...



12-Abril-2010

Based on “Memórias Esquecidas”

Raquel Martinez Neves