Impertinência
Não me prendas
Não me contes histórias
Histórias são para as crianças
Deixa-me dormir, não me agarres,
Deixa-me dormir. Cala-te!
Preciso de silêncio
Não me perguntes porquê, não,
Nem sei porquê. Preciso,
Simplesmente preciso, assim,
Somente, unicamente
Não, unicamente não
Também escuridão, sim
Não acendas a luz, não o faças
Vai-te embora, não fiques aí
Não, não fiques aí a olhar
O que há de interessante aqui?
O que há para ver, dormindo?
Eu, dormindo. Tu...
Hás-de me explicar o que fazes aí
Pára, pára! Chega de olhares para mim
Não consigo dormir assim
Sabendo-te atento, escutando
Não falo enquanto durmo, podes ir
Apaga a luz e vai embora
Deixa-me! Deixa-me!
Dá-me ao menos esta liberdade
Não me sufoques mais
Mal posso respirar, não vês?
Claro que não vês... És tão cego!
Agora deixa-me ser eu, a dormir!
Não quero mais conversas, não,
Não quero mais sussurros baixos
Meiguices à parte, estou cansada
E não estás a ajudar nada
Não, não percebes nada de nada
Não, não, não
Vai-te embora, por favor, vai
Não digas nada, por favor, não
Deixa-me, estou bem, deixa-me
Apaga a luz, fecha a porta
Vai. Vai.
E não voltes cedo.
Não hoje. Amanhã. Amanhã.
Deixa que a noite resolva
A noite resolve o que não piora
Sempre, quase sempre
E não, não quero beijos
Não, não estou chateada
Já podes ir? Sim, até amanhã
Adeus, adeus
Finalmente.
O quê?
Sim, mulher.
Sim, impertinente.
Algum problema?
13-Abr-10
Raquel Martinez Neves
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