Sangue Azul
Abraça o meu coração
É de sangue azul
Real fonte de ópio
Berço de todo o despeito
Que mãos avaras o querem
E o tentam quebrar
É só teu, juro, só teu
Protege-o com a tua graça
E áspera masculinidade
Bebe, bebe de mim
Combate forte os infiéis
Longe o tempo que era deles
Longe as horas de meretriz
Veneno para só um corpo
Escravo e patrono pelo chão
Correntes de ouro frio
Carrega-me nos teus braços
Sê aquele das histórias
Criança em cavalo de pau
Olha-me para lá da sujidade
Que são tecidos de luxo
Bordados a preconceito
Vaso fértil de terra seca
Brotam linhas de suor
Tremem-me as mãos neles
Só foram firmes em ti
Promessa de leito de palha
Mentira de seda e cetim
Dinastia de condenação
Prata manchada de impureza
Paredes testemunhas de dor
E o teu olhar impotente no meu
Ergue os braços para mim
Recebe o que foi de outros
Nojo de corpo rasgado
Mente possessa de cega
Lábios insanos de usados
Ansiando pela tua boca limpa
Pela tua prisão natural
E a liberdade de ser tua
Sem rituais e subjugações
Entrega doce e consensual
Que mais tem de divino
O teu olhar é esperança
Sê-a hoje para mim
Humilde alma vergada
Mas grande de fé e paixão
Perdoa a minha vergonha
Cura as feridas a beijos
Sela este pacto entre nós
Rebeldes de verdade e orgulho
Amantes em quente silêncio
Que se diz eu ser de todos
Jamais digna de ti
Reles diplomacia hipócrita
Que em segredo sou só tua
Abraça o meu coração
É de sangue azul
Como azul é o céu e não o ouro
Raquel Martinez Neves
Inspirado no (futuro) livro "Solstício"
17-Mai-10
1 comments:
tu es mesmo cruel! gostas mesmo de me deixar curiosa na gostas?
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