Sinto a inspiração descer profusamente pelo meu ventre
É quente e doce nestas dez últimas horas de espera
O relógio sempre foi meu inimigo
E enquanto as linhas crescem de forma análoga a um poema
A vida gasta-se e tu ainda não estás aqui
Na irregularidade dos sorrisos e das lágrimas
Escrevemos a nossa história
E a poesia não é nada senão palavras de saudade e amor
Escritas sem a ordem da literatura mas com a do coração
Sem rima porque o amor não rima
Sem métrica porque o amor não se mede
Sem estrofes porque o amor não se divide
E sinto a inspiração a desfazer-se lentamente entre os dedos
É vã e ilógica nestes seiscentos últimos minutos de espera
O relógio sempre foi meu inimigo
E enquanto as linhas escasseiam de forma análoga ao tempo
A poesia morre e tu ainda não estás aqui.
Raquel Martinez Neves
14-Jun-11
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