De longe ao perto

De longe ao perto



Abraça-me como quando eu era criança
E não tinha medo de falar contigo
Quando não era difícil estar próximo
Quando os pedidos não eram recusados
À segunda frase argumentativa
E o silêncio não se opunha à discussão
Sorri uma vez que seja para mim
Não me ponhas em constante julgamento
Como se já não fosse boa para ti
Não chames de dever às minhas vitórias
Mostra-me apenas um pouco de orgulho
Jamais serei tudo o que não foste
Respeita o caminho que escolhi
Diz que é suficiente, não peças mais
Perde algum tempo a sério comigo
Ouve com paciência, dá-me atenção
Vem falar comigo, pergunta por mim
Olha para mim enquanto ainda estou aqui
Não culpes a ausência, desfruta a presença
Demonstra-me que gostas de mim
Como quando eu era criança
Mas compreende também que cresci
E que sou muito parecida contigo
Dá-me um beijo na testa, Pai
Não me lembro da última vez
Que me deste um beijo no rosto, Pai
Tenho saudades tuas.


Raquel Martinez Neves
26-Ago-11

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