Outra Noite
Foste cavaleiro por uma noite
Pastor da minha alma pela madrugada
Rezaste pelo meu coração
E guiaste-me com sorrisos pelas trevas
Foste anjo, foste pecado
Silêncio arquejante sobre o meu peito
Sorte sóbria e amarga
Nesses lábios donos do teu mundo
Foste sonho de verão
Embalaste a minha solidão nesses braços
Oh, cavaleiro!
Deste à vida o prazer de a viver
E neste cântico meu
Pobre corpo vaso de lágrimas secas
Foste meu, só meu
E a inocência lavada em sangue morreu
Foste o princípio da noite
E o final adiado do sol da manhã
Foste a primavera
Cândida paixão no berço da nova era
Regressa logo
Sem o peso da armadura e sem armas
Vulnerável como eu
Neste reino de castelos de lençóis
Onde a loucura
Meu amor, onde a nossa loucura
Se fecha e se esquece
Deixando de fora o resto do mundo
E tu, cavaleiro
És tão somente um nobre homem
E eu, mulher
Não peço nada mais do que isso
Outra noite.
Raquel Martinez Neves
28-Abril-2011